fevereiro 13, 2008

O início da colaboração de Percy Parrish na CUF
Dados até à data recolhidos, permitem supor que a colaboração de Percy Parrish como consultor químico da CUF, Companhia União Fabril, se iniciou pelos meados da década de 40 do século XX, quando esta se preparava para por em marcha um plano de expansão centrado nos adubos fosfatados.
A modificação na tecnologia da produção dos «superfosfatos» - gíria técnica para os referidos adubos – requerida por via deste plano de expansão, com a qual se pretendia o «enriquecimento» do adubo para concentrações da ordem dos 40% em P2O5 envolvia o uso simultâneo dos ácidos fosfórico e sulfúrico.
Este facto, naturalmente, levou a que no complexo industrial das fábricas da CUF no Barreiro surgissem dois aspectos tecnológicos de 1.ª ordem: a necessidade de uma unidade fabril para o ácido fosfórico (instalação que veio a ser, por sinal, a primeira a nível nacional), e uma maior demanda por ácido sulfúrico.
É no contexto da nova exigência na quantidade de ácido sulfúrico produzido, que a CUF procura o apoio técnico de Percy Parrish, uma autoridade internacional no domínio da tecnologia de produção deste produto químico. A correspondência trocada entre Percy Parrish e o engenheiro da CUF, Eduardo Madaíl (administrador, adjunto do director técnico e comercial da Companhia desde Dezembro de 1942), em meados de 1944 revela que se pretendia uma expansão do ácido sulfúrico sem aumentar o número de unidades produtoras à data existentes - 3 grupos, cada um composto por duas fábricas gémeas instaladas lado a lado, com uma média máxima de produção de 6 x 54 toneladas diárias de ácido sulfúrico a 53º Bé ≈ 67% H2SO4 equivalente a cerca de 217 toneladas por dia de monohidrato i.e. de ácido sulfúrico a 100% (a seguir designado por MHS) - e sem mudança de processo (processo de nitração, usando câmaras – “box chambers” - de chumbo).


Tecnologia do sulfúrico de câmaras: a adopção dos turbo-dispersores e do sistema «Parrish» de fase líquida
A primeira solução apontada por Percy Parrish foi a da utilização de turbo-dispersores – um meio prático, já reconhecido, de aumentar a capacidade de um sistema de câmaras clássicas, lançado por Gaillard
[1] e aperfeiçoado por Parrish[2], que optimizou valores de taxas de funcionamento - montados nos tectos das câmaras paralelipipédicas das fábricas de ácidos do complexo do Barreiro permitiu, dentro dos condicionalismos apontados, dar uma resposta mais imediata ao problema urgente da expansão, aumentando em 30% o rendimento da produção do ácido sulfúrico em relação à pirite ustulada, o que significava o considerável aumento de 16,2 toneladas de ácido a 53º Bé (i.e. 10,8 toneladas MHS) por dia e por fábrica.

[1] De acordo com STOHMANN, KERL et al na “Gran Enciclopédia de Química Industrial”, Volume XII, Capítulo XXXVI – Sulfúrico (ácido), p.854, E. A. Gaillard retomou e estudou o antigo método proposto por Blau de espargir as paredes internas das câmaras com ácido arrefecido; o processo Gaillard foi considerado como um dos mais importantes de entre outros, como os de Falding, Moritz, Th. Meyer, Mills-Packard, Schmiedel-Klencke e Petersen, todos envolvendo tipos específicos de câmaras.

[2] Segundo a “L’Industrie Chimique” no seu número de Setembro de 1956, p.278, Parrish introduziu aperfeiçoamentos no “Sistema Gaillard” que resultaram numa melhor performance mecânica dos turbo-dispersores e com menor consumo energético. O “Sistema Gaillard” era descrito como: incluindo um Glover e duas Gay-Lussac, um conjunto de 4 a 8 torres ocas, e muito ligeiramente tronco-cónicas. No centro do telhado de cada uma destas torres um turbo-dispersor projectava uma chuva ácida contra as paredes internas das mesmas.